memórias tatuadas
Não sei bem o que foi que vi, ou como te vi; mas foi algo para além da tua foto composta, alterada, com o teu sorriso lindo e aberto, as ignóbeis orelhas de rato cor de rosa que te acrescentaram com um nariz transformado em pequena azeitona…
Possibilidades das tecnologias que compõem, refinam e ajeitam a realidade à medida do que se quer, se pode, ou se aguenta…
E foi assim que aguentei a dor de não te ter por perto mais vezes: sorrindo da tua figura e cheio de saudade, só, no meio de tanta confusão, desejando que o trabalho acabasse só para poder desfocar.
Mas “faz parte da vida que me coube, sempre soube agradecer”.
Essa intensidade de vida e de franca inexperiência, essa visão típica de quem todas as certezas dessa idade, e a defesa do “argument” pelo argumento de forma seca e dura, certa nos princípios e errada no desenvolvimento, porque intolerante.
Diferenças de personalidade nas desigualdades da vida.
Espero que me encontres aqui e acolá e naquele livro também, até nos sublinhados, nas contas à vida, nas cenas e dicas bem juvenis daquilo que sabemos ser e exercer entre nós e com os outros; nas discussões impossíveis sobre políticas, em que concordamos que temos de discordar a favor do Bem comum.
Meu querido amor. ‘Quero que me encontres a sorrir e a cantar’ daquele modo desajeitado, mas genuíno.
Quero que te orgulhes de mim, que nada te envergonhe e que ninguém nos questione.
A vida escondida debaixo da pele é demasiado original e rica para vir ao de cima como tatuagem. Prefiro que se esborrate e não as partilho. No fim, fica isso mesmo: reviver o que foi vida, nas nossas memórias. São elas que ficam enquanto vamos ficando.
‘E quando chegar o dia de partir, encontra-me a sorrir, encontra-me a cantar’ como o fizemos naquelas voltas de carro malucas, som alto e grito à janela “nós! nós! nós somos todos... totós!”.
Mas bons totós...