a sala não chega para os desajeitados dançarinos que vibram tanto como as cordas da "fender"que ouvem. a alegria do corpo nem corresponde de forma total à do espírito, mas o que interessa são "as boas vibes". sou supreendido com os últimos interesses de um deles - a sativa. pergunto-lhe porquê. porque quer estudar as coisas da vida - diz sério. triste por ser tarde e não poder sair, diz-me que as flores na sala ainda estão bonitas. a observação crítica é sobre as folhas e não sobre a flor em si. diz-me que estão verdes mas tristes. à pergunta se devemos mudar as flores, respondo que é melhor mudar o dia. amanhã é outro e há-de ser melhor - digo-lhe com a máxima convicção possível. "meu querido pinóquio" é a resposta com um sorriso franco e agradecido. admiro-me sempre que aquele pequeno rosto olha assim para mim; senhorzinho; como a expressão dele, hoje, no tapete, sem cuidar dos 34 anos e dos 50 kgs de diferença, me tenta projectar à ordem do mestre. tive por adequado não lhe facilitar a vida. sobe-lhe melhor a vitória. "hei-de ser como tu" - diz-me. - espero que sejas melhor que eu; - em quê? - em tudo. sorriso lindo, menino mestre, suor em bica. em casa, já não se dança. mas a música é a mesma. de sempre. apenas o ritmo é outro. como o amanhã. demasiado cansados e doridos, por motivos diferentes, ensaia-se o aconchego no chocolate quente, os três a olharem-se em silêncio. comunhão sentida. missa da noite. projecto de novo dia, colinas sem vento, mar sem ondas.
- e então? - então... então o quê?!? - acabaste por não almoçar connosco... - pois não... fui ao meu sítio. - dos pinguins? - sim. - estavam lá? - não. estava só eu e uma luz intensa, calma, linda, amiga e uma ventania refrescante. - então, estava frio. - ali, nenhum. - pois, por acaso, o dia abriu. onde é que é isso? - perto do mar. - vens... vens bem! vais para casa? - agora, sim. já posso ir. já vi o que queria. - o mar? - sim. - estava cinzento? - não; estava pardo-verdoso, imenso, constante, num leve movimento enrolado, o que dava um sentimento de íntimidade. - o mar assim? - era da luz... estava no ângulo certo. - então, estava maravilhoso! - sim. absolutamente. acabas com as perguntas? - sim. - e com esse sorriso? - sim. - queres que me cale? - sim. - então o que vai ser? - o costume, Vasco. - a sair! E eu, sou o Miguel. - pois... claro que és... - estava só a entrar!
- 'tão pá! como é? tás bem? qué passa? - pá... parabéns atrasados... foi há uns minutos atrás, não foi? - foi pá! - então vá... abraço, saúde e que sejas feliz! - isso! e olha lá... tantos comments!?! - pois foi... surpreenderam-me... - por serem muitos? - não; por serem significantes... - isso! qual? - o que diz menos, por ser o mais curto... - humm... o mais curto? ou o do sorriso? - isso. - humm... - humm... [...] - então vá! - então vá!
- sempre voltaste! - voltei; decidi à última da hora; e tu, afinal, sempre vieste buscar-me... - pá... sim... distraí-me com as horas... desculpa aí! onde é a próxima? - tudo bem; a próxima é em Madrid; e nós? estamos todos bem? - sim... tirando o "ramitos" que se espatifou de mota... - e vão dois... - e sabes, falei com o Gibral; ele sempre saiu, sabias? - foi?!? não sabia... pronto... já olhou para a estrada; agora, "é só" segui-la... espero que ele cumpra o ritual. - humm?!? - apanhe a poeira do chão com a mão direita e a mande para trás das costas por cima do ombro direito... - e o que é que é isso? - não olhar para trás; não cair; seguir; seguindo, há-de encontrar-se. Encontrando-se, há-de amar; amando, há-de viver, outra vez. - yep... onde vamos? - ao Grog; in frates memoria! - e tu? pá! tu... tu, vens bem! estás diferente! não sei em quê, mas estás diferente; a voz; o cabelo arranjado, barba aparada... apesar da barba... estás mais novo! e os teus olhos sorriem outra vez quando falas! - é; ví-me ao espelho; - e? - e vi um marciano; - e? - há vida em Marte. - boa! - olá Miguel! - olá! bem vindo! só uma coisa: não sou Miguel: sou Vasco; - boa... quem é o Miguel? - o meu irmão... e o que vai ser? o costume? - não sei; para já... duas guiness... Vasco! - in frates memoria! - in frates memoria! - ... a sair!