Um mantra tão simples na sua essência como no seu significado, tem que transmitir muito, com muito pouco. Se puder ser vocal e melodicamente repetido, a sua entoação não gera conforto, mas cria a possibilidade de se (re)encontrar um intervalo na vida tumultuosa e daí, eventualmente, um caminho para outra etapa da vida, qualquer coisa de diferente do estado actual, através "da via" - mais espiritual. Uns desistem e recorrem a auto-lesão da vida; outros recorrem à psicoterapia, outros ainda à religião, outros às drogas, mesmo que legítimas.
Parece-me que o denominador comum é a solidão na opção, ou a opção pela solidão, algo de contrário à natureza humana. Talvez daí o poeta ter dito "felizes dos loucos".
Na ciência, a física quântica vem agora defender que existe na vida uma consciência colectiva, universal, que afecta e é afectada pelo simples facto de se ser "um ser vivente": somos, também nós, átomos que interagem, aproveitando ao estado colectivo, o "melhor estado de vida possível". A lenta racionalidade científica demorou muito tempo (demasiado) a chegar àquilo que já era a prática mística na Índia, no Tibete e na China.
Nos estados de alma mais confusos e dolorosos, muitos são os discursos possíveis a um amigo em tempus de vida menos fáceis, seja qual for a causa desse momento. Ele é único, no sentido de que é vivido pelos que (uns mais, outros menos) convivem com a situação ou com o amigo. Este, contudo, experencia de forma única a via em que se encontra, mesmo que em determinados momentos não saiba para onde se dirige. Em alturas como estas, "quo vadis" é uma pergunta sem significado e por isso mesmo, sem possibilidade de resposta.
É aí que (filosoficamente) para muitos fará sentido, como me apontaram recentemente (em comentário e presencialmente) que o verdadeiro sentido da vida é extrair do que é percepcionado como negativo num dado momento, uma via para algo de positivo - uma questão de fé na crença de que não estamos sós e de que estamos nesta vida para influenciar positivamente os outros, ainda que, no caminho, inevitavelmente se sofra. Tal só parece fazer sentido, quando o indivíduo, solitariamente, faz por respeitar a sua própria natureza, desta forma respeitando inefavelmente, a natureza dos outros - uma das formas de amor e de amar o próximo.
Daí o mantra me ter (a)parecido com algum sentido.
"O sofrimento é o meu mestre e eu, o seu discípulo".
Vivam, sempre e melhor; que possam encontrar a vossa via.