I eu je ich 私 yo
mas quem és tu
para mandar recado gaiteiro
como se fosse puto caseiro?
mas quem és tu
para vires assim soprar
ideias minhas no meu ouvido?
mas quem és tu
para me dizer o que sou
quando apenas sou contido?
mas quem és tu
para me dizer onde estou
só porque me tens por perdido
mas quem és tu
para ousar sequer pensar
que sabes quem sou,
quando no que te digo apenas lês sons
tons que vês como frases soltas
ou palavras em teias envoltas?
eu, sou eu: sou este!
sou bem mais que uma frase dita
bem mais do que um desejo solto
mais do que uma ideia ida
bem mais de que uma hora maldita
sou mais que um rio revolto
bem mais do que ar num sopro
muito mais que aquilo que vês
porque eu, sou eu!
sou vida feita a pulso
moldado em ferro malhado
de tanta pancada levada
esculpido em duro granito
de tanta coisa perdida
de tanto erro cometido
de enxerto do inferno sou feito
nesta terra bendita
no chão de pregos me deito
como se em relvas andasse
numa disputa de vidas
na vida me levo a perceber
eu?? antes partir que torcer!
porque eu, sou eu!
sou essa prancha sem vaga
sou este espírito maldito
neste Ser aprisionado
mas sou eu!
e tu,
cara desconhecida
és imensa nessa ideia de nada